Tempos atrás, um dos alunos do nosso curso de especialização, entrou em contato comigo. O aluno queria saber de que forma ele poderia avaliar a qualidade da estratégia que ele estava executando.
A dúvida que ele me relatou diz respeito a continuar ou não aplicando determinada certa estratégia no mercado. Tratava-se de um operacional ganhador, mas muito custoso. Logo, o motivo do contato foi avaliar o custo-benefício da estratégia a médio e a longo prazos.
Apesar de nunca ter executado aquele operacional, minha resposta foi no sentido de que ele considerasse dois fatores. Veremos agora quais foram esses critérios qualitativos de avaliação da estratégia.
Avalie a presença de causalidade em sua estratégia
Causalidade, caso você nunca tenha ouvido falar, é um atributo que possui relação direta de causa e efeito com o deslocamento preço. É um fator determinante para o sucesso de uma estratégia, mas que poucos traders levam em consideração. Já a abordei em outros artigos, por isso não vou me estender no texto de hoje.
Sempre que você executa um operacional no Mercado, é fundamental avaliar se ele está ancorado em variáveis que guardem relação direta com o deslocamento de preço. E isso só é possível de verificar quando se analisa o apetite do mercado em consumir a liquidez dos lotes ofertados em mais de um nível de um preço.
Se no seu operacional você for incapaz de identificar alguém disposto a comprar cada vez mais caro ou a vender cada vez mais barato, sua estratégia não tem causalidade, mas sim correlação com o preço. Correlação é apenas um ponto comum entre duas variáveis, sendo que uma não necessariamente gera a outra.
São exemplos de estratégias com causalidade: inversão de fluxo, front running, absorção etc.
Se a estratégia for puramente estatística, não vale a pena gastar energia aplicando esse cenário condicional, pois cedo ou tarde ele estará fadado à extinção. Pode até demorar, mas em algum momento ele parará de funcionar.
Apenas estratégias baseadas em causalidade possuem vida longa no Mercado, justamente pela presença de lógica operacional. Sem a construção de um raciocínio onde seja possível identificar claramente o evento que impacta o Mercado, você corre o risco de olhar variáveis distantes de uma perspectiva coletiva, hipótese esta que o colocaria distante da perspectiva coletiva do Mercado.
Assim, questione se a lógica de sua estratégia possui relação de causa/efeito com o deslocamento do preço, isto é, se o evento em questão é suficiente para os demais players do Mercado continuarem atuando na compra ou na venda.
Verifique se há ou não presença de grandes players com o mesmo raciocínio que o seu
O segundo critério, que é tão importante quanto o primeiro, se refere à possibilidade de players institucionais operarem por conta das mesmas variáveis que você observa.
O operacional que aquele aluno realizava consistia em uma combinação de dois ativos. Ele percebeu que, no fim de tarde, alguém operando pela corretora do Credit estava executando a mesma estratégia, mas em proporções maiores, o que o levava a crer que se tratava de alguém grande no Mercado.
Quando ele me contou sobre essa particularidade, não tive outra opção a não ser afirmar que a estratégia dele era boa.
A presença de parceiro é determinante para o sucesso de um operacional porque é ele quem dará continuidade ao deslocamento de preço. Se não há alguém disposto a pagar mais caro ou a vender mais barato, o Mercado não sai do lugar e isso é péssimo para um trader, já que o lucro vem como consequência da variação de preço.
E não é qualquer participante que consegue deslocar a cotação em mais de um nível de preço. É preciso ser alguém com grande potencial financeiro, cujo tamanho da posição seja impossível de se montar em um único preço.
Se você consegue identificar que, além de você, há mais participantes executando a mesma estratégia e que se tratam de grandes players do Mercado, não há razão para não executar esse operacional. Aliás, digo até que você DEVE aplicá-lo. A única ressalva que faço se refere à escala de concorrência da posição. O que seria isso?
São estratégias que oferecem pouca margem de atuação no Mercado. Normalmente, não são estratégias baseadas em oferta/demanda, mas sim em velocidade; por exemplo, o operacional de arbitragem. Quanto mais dependente o seu operacional for de variáveis alheias à oferta/demanda, pior será a relação de risco/retorno no trade. No caso da arbitragem, por ser uma estratégia puramente baseada em velocidade, ficou restrita aos HFTs.
Se sua estratégia contar com a presença de grandes players e oferecer entrada em mais de um nível de preço, ela tem valor e vale a pena continuar com a aplicação.
Espero que tenha curtido mais este artigo. E se você gostou do conteúdo e deseja se aprofundar na temática que apresentei, te convido a se matricular no nosso curso gratuito de Formação de Traders. Tenho certeza que você se surpreenderá com o conhecimento que vai adquirir.
Então é isso aí… espero que tenha gostado do artigo!
Grande Abraço e Atitude Vencedora,
André Antunes