Recentemente, tive a oportunidade de participar de um grande evento que reuniu importantes participantes do mercado financeiro. Foram 3 (três) dias de intenso aprendizado, mas uma frase em especial foi a que mais me impactou.

Estavam várias pessoas conversando a respeito de projeções e métodos de precificação do cenário macroeconômico, quando um gestor de um grande banco repetiu a mesma ressalva que ele costuma fazer à sua equipe: o mais importante é não confundir seu objeto de desejo com o seu objeto de análise.

Apesar da simplicidade da afirmação, ela carrega um componente educacional de muito valor para todos que atuam no Mercado de renda variável. O mais comum é que todo participante já tenha dentro de si uma opinião formada a respeito do ativo que opera e, na hora de tomar uma decisão, busque dados que corroborem com essa perspectiva.

E aí está a grande armadilha: você já está com uma opinião formada, você já está querendo algo do mercado, e a interpretação dos dados servirá apenas para sustentar aquilo que você já tem como certo. Com esse tipo de viés, surge o risco de darmos mais importância a um dado irrelevante, quando na verdade o que deveríamos fazer era considerarmos outro.

Essa sutil diferença é determinante para o sucesso de uma estratégia de alocação de capital. A razão de existência dos dados não é confirmar a tese do investidor. Na verdade, os dados existem para que ele a construa da melhor forma possível (dados são a causa e não a consequência da análise).

Nós também corremos esse risco

Quantos não foram os trades que fiz por puro “achismo”… Já quis comprar/vender dólar sem fundamento algum, apenas por acreditar que a cotação subiu/caiu demais. E o pior: na ânsia de querer acertar, começava a prestar atenção em indicadores que nunca considerei na vida!

É fundamental que nossa tomada decisão seja dada em cima dos dados que o Mercado nos apresenta e não em cima daquilo que queremos. Quanto mais fiel formos ao que nos é mostrado, mais estaremos alinhados com a realidade do mercado.

Contudo, ao mesmo tempo em que tomamos consciência desse risco, surge a dúvida sobre o que considerar.

Ora, se há centenas de fontes de informação disponíveis ao trader, quais as que realmente devem ser consideradas?

Nós não temos como saber, mas alguém com certeza saberá

Uma máxima que vale para o Mercado de Renda Variável, independentemente do ativo, é que “no longo prazo, o Mercado tende a seguir os fundamentos”. São os fundamentos de um ativo que definem o valor de sua cotação. Eles têm o que chamamos de relação de causa e efeito com os preços.

Logo, se o seu objetivo é operar ações, você deve conhecer os fundamentos que impactam a cotação daquela empresa; se você opera dólar, você tem que atentar para os as variáveis que incidem na sua precificação, e assim por diante.

Mas André, isso não é viável. É impossível um trader pessoa física definir com precisão o comportamento futuro de todas essas variáveis estruturais!

Isso mesmo! É impossível para você, ou mesmo para mim, definir com precisão o futuro dos fundamentos de um ativo. Mas certamente alguém conseguirá. E esse alguém provavelmente será um grande participante, com acesso diferenciado à informação e com maior capacidade preditiva.

E o que isso acarreta? Esse participante fará uma operação especulativa, com lote significativo. Lote este que vai impactar o Mercado, gerando o imprevisível e abrindo espaço para nós, operadores de Tape Reading, também atuarmos.

Não temos como chegar ao mesmo nível de previsão que os Institucionais, mas é possível, através das ferramentas-mãe do Tape Reading (Book de Ofertas e Histórico de Negócios), ter acesso às variáveis que possuem relação de causa/efeito com o deslocamento de preço (objetivo principal em um trade).

Portanto, concentre-se na leitura de tela e esteja neutro para com o Mercado. Deixe que ele lhe mostre o caminho, pois mais cedo ou tarde, a oportunidade aparecerá.

Então é isso aí… espero que tenha gostado do artigo!

Grande Abraço e Atitude Vencedora,
André Antunes