Ultimamente tenho recebido várias dúvidas a respeito do número máximo de operações que um trader deve fazer no dia, sem que seja considerado overtrading. Haveria um número mágico, por exemplo, no máximo de 10 a 15 trades no dia?
Como tem sido uma dúvida recorrente, resolvi escrever esse artigo para saná-la de uma vez por todas.
Primeiramente, quero deixar claro uma realidade: quantidade não se confunde com qualidade. Você não deve relacionar o número de trades do seu histórico operacional com o número de operações a serem feitas no dia. É preferível que você tenha como parâmetro a qualidade das operações.
Nesse sentido, podemos citar como exemplo aqueles dias em que o mercado está muito favorável e você, com apenas dois trades, já atinge a meta. Percebe como o número de operações é irrelevante? Na verdade, a quantidade de trades no dia está relacionada ao comportamento do mercado, isto é, se está andando mais, se está mais volátil etc.
Da mesma forma em que há dias que com 2 operações você já terá atingido a meta, em outros o mercado estará tickando menos e você precisará ficar mais tempo exposto, o que por sua vez incorrerá em um número maior de operações.
Portanto, o resultado e a quantidade não são variáveis correlacionadas. O importante mesmo é qualidade dos trades e o tipo de operação que você esteja executando.
Os dias não são iguais
Conforme o que já disse anteriormente, o tipo de trade que você executará depende da forma com que o mercado vem se comportando.
Costumo dizer que nós não fazemos o financeiro que queremos. O trader faz o financeiro que o mercado permite. Quanto mais dinheiro disponível, maiores são as chances de obter um resultado elevado.
Normalmente, os melhores resultados são naqueles dias em que parece que estamos fluindo com o mercado. Você compra em um determinado preço e logo em seguida ele já desloca 2, 3 ou até mesmo 4 ticks a favor da sua posição. É como se o mercado estivesse esperando a sua entrada para deslanchar.
Agora, haverá dias em que o mercado estará mais cauteloso. Os players não estarão se expondo e, com isso, haverá menos volatilidade. São aquelas ocasiões nas quais temos de nos contentar com ganhos menores, em torno de 1 ou 2 ticks, no máximo. Nessas condições, é claro que a quantidade de operações também aumentará.
Assim sendo, aceitar o fato de que os dias não são iguais é um requisito indispensável para quem deseja evoluir como trader. Não é nem uma questão de você querer ou não operar; é simplesmente o fato de que, em alguns dias, o mercado não oferecerá oportunidades.
Tenha muito claro o tipo de oportunidade que você buscará no mercado
Para explicar esse tópico, usarei um exemplo de operacional: o front running. Nesse tipo de oportunidade, o objetivo da operação é atuar junto de um grande player que vem demonstrando urgência e necessidade em comprar/vender um determinado ativo.
Como ele precisa montar sua posição o mais rápido possível, ele consumirá a liquidez em mais de um nível de preço, levando a cotação do ativo a novos patamares. Ao notar essa atuação atípica, saímos na frente e surfamos o movimento que ele acaba gerando.
Apesar da simplicidade do conceito, nem sempre a percepção de oportunidade se dará no mesmo instante. Em alguns casos, notaremos o movimento logo em sua origem. Em outros, só perceberemos essa atuação atípica já no fim do movimento, o que nos trará um pouco menos de ganho. Ou seja, o mesmo cenário pode gerar resultados diferentes.
“E por que você está me dizendo tudo isso, André?“
A mensagem que quero deixar com este artigo é que o resultado das operações não está em suas mãos. O mais importante é que seus trades tenham lógica, isto é, estejam pautados na atuação de grandes players.
Não faz sentido ficar preso a um número de operações, quando o mercado estiver oferecendo um número maior de oportunidades. Quando o trade tem lógica e fundamento, ainda que seja a 10ª, 20ª ou ainda a 30ª operação, você deve sim operar, porque são esses os dias em que fazemos grandes financeiros.
Então é isso aí… espero que tenha gostado do artigo!
Grande Abraço e Atitude Vencedora,
André Antunes