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Tela Cega inviabiliza o Tape Reading?

No ano de 2016, a B3 iniciou um teste de implantação da “Tela Cega” no mercado de renda variável aqui no Brasil. Inicialmente, os testes começaram no mercado agrícola, mas a tendência é que gradativamente vá chegando aos demais mercados.

Para quem não sabe, a “Tela Cega” é a não divulgação da corretora pela qual o player envia a ordem. O Brasil é um dos poucos países do mundo onde ainda é possível saber por qual corretora o player envia suas ordens, sejam elas a mercado ou limitadas.

E a possibilidade da chegada dessa nova realidade tem provocado um intenso debate entre os traders. “Mas afinal, com a ‘Tela Cega’, o Tape Reading estaria chegando ao fim?

Na minha opinião, NÃO, e nos próximos tópicos vou expor os motivos que me levam a acreditar nisso.

Os três níveis de análise no Tape Reading

Um dos pontos fundamentais de quem opera via Tape Reading é a observação do que os demais players estão fazendo no mercado. Logo, olhar player é um requisito indispensável para quem aplica a análise de fluxo de ordens.

Só que o fato de olhar player não quer dizer que olhamos apenas a corretora pela qual ele envia a ordem. Isso é apenas uma informação dentre outras que efetivamente compõem a análise.

Nesse sentido, quando falamos a respeito de olhar players, surgem três níveis de análise:

  1. Análise primária: é a análise mais superficial de todas. Leva em conta apenas a quantidade de lotes ofertados no book de ofertas. Não há preocupação se é blefe ou lote real. Apenas observa a profundidade do book em cada nível de preço pelo tamanho dos lotes ofertados.
  2. Análise secundária: é análise que leva em conta o tipo de cliente que uma determinada corretora costuma atender. Existem corretoras que são especializadas em nichos de mercado e elas tendem a atender certo tipo de cliente, ou seja, há corretoras mais focadas em institucionais, em HFTs, em pessoas físicas etc.
  3. Análise Terciária: é em cima desse nível que nós operadores de Tape Reading atuamos. A corretora pode até ser um indicativo, mas mais importante que o intermediário, é o estilo da ordem que o player envia. A partir disso, não importa a corretora e sim, o tamanho da ordem, a persistência da atuação e o seu impacto no mercado.

É neste ponto que está a grande vantagem da análise de fluxo de ordens. Analisando a forma pela qual o player atua no mercado, é possível descobrir a qual classe de participantes ele pertence (se institucional, market maker, HFT, pessoa física etc.), independente de conhecermos ou não a corretora.

Como enxergar o mercado no nível terciário?

Uma coisa a ressaltar é que nada impede um Institucional de abrir conta em uma corretora focada em pessoas físicas e enviar ordens através dela. Daí a importância de identificar o padrão de atuação e o impacto da ordem no mercado. Mesmo com a mudança de corretora, ainda assim será possível perceber o rastro por ele deixado.

A grande sacada é justamente essa: entender como o cliente opera e a sua contribuição para o deslocamento de preço.

Entendi, André, mas o que tenho que fazer para chegar ao nível terciário?

A melhor forma de adentrar no nível terciário do Tape Reading é, primeiramente, excluindo toda e qualquer ferramenta da tela (especialmente gráficos) e se forçar a entender a dinâmica das ferramentas-mãe do fluxo de ordens. Logo, deixe apenas um Book de Ofertas, um Livro de Preços e um Histórico de Negócios. Pratique a leitura de tela por pelo menos 15 dias.

Observe as ordens que saem do book e vão para o histórico de negócios, o tamanho das mesmas e a recorrência da execução. Mantendo essas perguntas em mente, você perceberá a diferença de atuação dos players e identificará padrões que realmente impactam no mercado.

O mais importante é estar atento àquele participante que demonstra urgência e que piora o lote executado. Quando alguém envia ordens grandes ao mercado em níveis de preço sucessivos, são grandes as chances de ser um Institucional e você poderá se aproveitar do movimento que ele gera no mercado.

Portanto, a “Tela Cega” só será prejudicial para quem se restringe aos níveis primário e secundário. Quem estiver no nível terciário passará por um período de adaptação, mas seguirá atuante no mercado porque estará operando em cima das variáveis que têm causalidade direta com o deslocamento de preço.

Então é isso aí… espero que tenha gostado do artigo!

Grande Abraço e Atitude Vencedora,
André Antunes


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