Já disse isso em outras oportunidades, mas é sempre bom relembrar, até porque este é o principal fundamento de quem opera por Tape Reading, ou como alguns gostam de chamar, via análise do fluxo de ordens: o segredo no day trade está em seguir os grandes players. São esses players os responsáveis pelas grandes movimentações do mercado, sobretudo os estrangeiros, verdadeiros “elefantes”, quando analisamos o impacto que sua atuação provoca no preço.
Foi por isso que, no segundo semestre de 2018, eu e minha equipe visitamos um grande banco de investimentos na Europa, responsável por intermediar diversos investidores em todo o mundo. O meu objetivo nesse intercâmbio era entender a visão operacional de um grande player para o mercado de moedas, como também para os principais índices mundiais, que são os ativos que mais opero no meu dia a dia.
E para minha surpresa, o mercado de moedas funciona como uma espécie de cebola: quanto mais se aprofunda o estudo, menos participantes você encontra, mas o volume de dinheiro transacionado é maior. Para se ter uma ideia do volume financeiro envolvido, não há espaço para pessoas físicas dentro dessa cebola.
Em termos operacionais, as transações nesse mercado basicamente se restringem a corretoras e a bancos, sendo que em se tratando de bancos, estes têm ativos e centros de negociação de referência, fundamentando a tomada de decisão de acordo com as informações divulgadas pelo local em que está a principal cotação, isto é, a que todos os demais participantes observam.
Foi aí que tive um dos melhores insights que um trader pode ter: se você estiver olhando para os centros de negociação e o ativo de referência corretos, você estará muito mais perto do preço-justo do mercado, isto é, aquele que os grandes players estão de olho.
Mas como esses participantes operam e como eles deslocam preço, buscando uma informação superior?
A grande armadilha para os traders
Com esse novo patamar da bolsa brasileira e a ampliação do mercado educacional em renda variável, noto que atualmente estamos passando por uma fase que chamo de “gourmetização” da aprendizagem. Isso quer dizer que a cada mês surge um novo curso ou série difundindo um conteúdo que já está pacificado no mercado, mas com outra denominação.
Às vezes, uma mesma coisa recebe 4 (quatro) nomes diferentes e isso, ao invés de simplificar, acaba trazendo mais dúvidas a quem é iniciante no mercado. É por isso que estive no evento de Paris, pois é lá que são discutidas as principais teses sobre formação de preço. Afinal, para que possamos fazer dinheiro no trading, é preciso que haja deslocamento de preço, e nada melhor do que consultar aqueles que estudam isso a fundo.
E o que ficou mais uma vez provado é que as grandes movimentações de preço são frutos da regra do jogo, ou seja, é um efeito prático da microestrutura de mercado.
Jogo da Liquidez
A conclusão a que eu e minha equipe chegamos das exposições e estudos apresentados neste evento de Paris foi a de que o mercado é fatiado em participantes, sendo que no grupo dos grandes players há participantes ativos (que agridem o mercado por terem uma informação superior) e o participantes passivos (que atuam posicionando suas ordens, sem urgência de execução).
Dessa forma, é possível analisar aqueles que geram liquidez com ordens passivas e aqueles que consomem liquidez com ordens ativas… Esse é o Jogo da Liquidez!
No meio dessa disputa, há ainda os market makers (que dão liquidez ao mercado) e os HFTs (algoritmos predatórios que atuam via fluxo de ordens, se aproveitando dos deslocamentos gerados pelos grandes institucionais).
Como não poderia deixar de ser, a formação de preço acontece por conta da interação desses participantes. Olhando o ambiente e a forma como cada um atua, é possível separar aquele que tem mais impacto no preço e como ele esconde sua presença no mercado.
E a forma de se camuflar passa por três variáveis: o tempo de execução entre as ordens, o tamanho dessas ordens e a imprevisibilidade do mercado, que é uma variável oculta e percebida somente em razão dos números atípicos que as outras duas geram. Quanto maior for a ordem e mais rápida a sua execução, maior é o grau de incerteza do mercado e a relevância da informação que o player possui. A urgência é justamente para se posicionar no mercado antes que os demais participantes tomem conhecimento do que, até aquele momento, só ele sabe.
“Entendi, André, porém, qual o intuito de tudo isso, se eu jamais terei acesso à mesma informação que o player Institucional?”
O intuito é justamente revelar qual rota seguir. Sabendo das variáveis que têm causalidade com o deslocamento de preço e quem causa o maior impacto no mercado, é possível elaborar um plano de trade coerente com aquilo que realmente faz o mercado andar.
Então é isso aí… espero que tenha gostado do artigo!
Grande Abraço e Atitude Vencedora,
André Antunes