Com a aceleração no nível de sofisticação de inteligência artificial, impulsionados principalmente pelo machine learning e pelo deep learning, muitos robôs focados em operações de curto prazo no mercado financeiro estão sendo desenvolvidos ao longo dos últimos anos.
Dentre estes, os mais conhecidos são os HFT’s, ou High frequency traders, robôs capazes de fazer várias operações por minuto, aproveitando-se de microvariações nos preços dos ativos, auferindo lucro em cima do volume de transações realizadas nesse curto espaço de tempo.
Dada a grande tecnologia envolvida e o potencial da Inteligência artificial – que invariavelmente, em algum momento, superará a inteligência humana – nada mais natural que, como trader, você se pergunte: será que o futuro do trading são os robôs?
Para responder essa pergunta com um mínimo de precisão, precisamos dividi-la em dois cenários: 1) o cenário atual, analisando o que, de fato, já ocorre no mercado com os robôs de alta frequência, e 2) o cenário futuro mais provável, tendo em vista as atuais soluções que estão sendo desenvolvidas no campo da inteligência artificial, bem como o esperado crescimento dessa tecnologia nos próximos anos.
O cenário atual
No contexto atual, os robôs que talvez guardem maior similaridade com os scalpers e que podem representar uma maior “ameaça” são exatamente os HFT’s, devido a sua grande velocidade de atuação.
Como o scalping é uma estratégia que demanda alta capacidade de foco e extrema rapidez no clique, é inegável que uma máquina, naturalmente, apresentará maiores vantagens nesse tipo de operação, quando comparadas a um ser humano comum. Se contabilizarmos o fator emocional, variável esta que leva muitos traders experientes a entrar em posições erradas por pura impulsividade, a diferença ficará ainda maior, afinal, uma máquina não sente medo e nem fica nervosa; ela apenas executa ordens de acordo com regras pré-estabelecidas.
Logo, essa realidade poderia nos levar a crer que é possível fazer scalping quando, na outra ponta, existe uma força muito mais poderosa operando contra você. Na prática, porém, existem alguns fatos que tornam esses robôs não tão ameaçadores assim.
Para entender o porquê dessa afirmação e como ser capaz de aproveitar excelentes oportunidades no scalping, ainda que disputando o mesmo espaço com esses robôs, precisamos entender, ainda que em linhas gerais, aquilo que fundamenta a sua existência: o machine learning.
O machine learning é a habilidade de um computador aprender algo por conta própria, sem que aquilo tenha sido previamente programado. Isso ocorre através de um conjunto maciço de dados que é alimentado no computador e processado através de um algoritmo, que busca detectar padrões baseados nesses dados e, através de sucessivas interações com ambiente estudado, projetar o evento que provavelmente ocorrerá em seguida.
Como o poder de processamento de informações em quantidades estratosféricas e a análise simultânea de milhares de cenários é algo que não está ao alcance de um cérebro humano – pelo menos não em um curto espaço de tempo – não há como negar o potencial inerente a um robô de inteligência artificial operando no mercado.
O ponto é que, atualmente (e felizmente para nós traders pessoas físicas), a inteligência artificial, enquanto tecnologia, ainda se encontra em um nível relativamente rudimentar em relação ao seu potencial máximo. Na prática, isso basicamente significa que esses robôs muitas vezes enxergam padrões onde não há nada e, com isso, tomam decisões erradas, já que lhes falta o senso crítico humano.
Por isso, um scalper bem treinado muitas vezes consegue obter retornos melhores do que um HFT, e esse cenário provavelmente permanecerá assim pelos próximos anos.
O futuro
Mas e se pensarmos a longo prazo, considerando décadas à frente, ainda será possível operar day trade, em especial no scalping, sem ter acesso à essa tecnologia de ponta?
Bom, essa é uma questão que, até o momento, é impossível de responder com precisão. Atualmente, o modo como a inteligência artificial é desenvolvida se dá através do deep learning, um aprimoramento do machine learning, que se baseia na criação de redes neurais, modelos esquemáticos de como o próprio cérebro humano funciona e que emulam o mecanismo de ativação simultânea de pares de neurônios na realização de uma tarefa. Em tese, o deep learning poderia criar uma inteligência de máquina exatamente igual à humana, só que muito mais potente, o que eliminaria a atual e única desvantagem que as máquinas possuem em relação aos traders humanos.
Porém, há alguns especialistas que dizem que a inteligência artificial jamais será próxima à humana, devido à ausência de consciência. Consciência é um conceito abstrato e que foge do objeto de estudo desse artigo, mas que é absolutamente fundamental para entender o que nos torna seres humanos capazes de entender o mundo a nossa volta, raciocinar e analisar criticamente, de modo dissociado. A ausência de consciência nas máquinas, portanto, tornaria inviável que o universo do trading se tornasse, algum dia, completamente dominado por elas.
Independentemente do que o futuro distante trará para o mundo do trading, é certo que pelos próximos anos, e talvez pela próxima década, os operadores humanos continuarão tendo grandes possibilidades de lucrar via Day Trade. Se você está iniciando sua jornada de aprendizado, sem dúvida alguma, vale a pena seguir em frente.
Então é isso aí… espero que tenha gostado do artigo!
Grande Abraço e Atitude Vencedora,
André Antunes